Uma cerveja que leva em sua composição a abóbora, posta para cozinhar juntamente com os maltes na mostura. Esta é a inusitada e deliciosa Sauber Beer Pumpkin Ale, a primeira breja artesanal puro-sangue a ser disponibilizada pelo Bar Brejas a partir desta semana.
Seu autor é o engenheiro químico Renato Marquetti Junior, que fundou a nanocervejaria Sauber Beer em 2009, na bela chácara onde mora em Mogi Mirim, no interior paulista (veja imagens da pequena fábrica ao final deste post). Lá, no seu canto, ele elabora suas “filhas” ao som de pássaros e quedas d´água. A cerveja tinha que ficar boa!
Umbilicalmente ligado à ACervA Paulista (associação de cervejeiros caseiros do Estado), Marquetti é a simpatia em pessoa, e cultiva, além do bigodão, o estilo e espírito bonachão. Não pode ser visto sem sua fiel escudeira Vanesca, com quem divide a vida e a paixão por cervejas há “uns pares” de anos.
Quem visita a nanocervejaria do engenheiro logo se surpreende com o profissionalismo de Marquetti. Composta por um galpão separado da residência principal da propriedade, o ambiente impressiona pelos equipamentos modernos e ultralimpos, tinindo de brilhantes. Há ainda câmaras frias (!!!) para acomodar as brejas em fermentação e maturação.
O resultado? A Pumpkin Ale é uma cerveja única, especialíssima, descolada de todas as outras. Está longe de ser uma fruit beer (a receita-base é de uma pale ale), mas o aroma de abóbora se sente logo ao deitá-la no copo. Na aparência, um âmbar claro translúcido, puxado ao marrom. Poderia ter um creme mais denso e principalmente consistente e persistente.
No aroma, além da abóbora, têm-se o dulçor dos maltes e um levíssimo toque lupulado. Sente-se também, com evidência, cravo e um toque de canela (Marquetti jura que não usa a especiaria na receita). Há ainda percepções de resina, rapadura e açúcar mascavo.
No sabor, a abóbora assoma os sentidos. Sabe aquele doce de abóbora da sua avó? Pois é, a Pumpkin Ale lembra, e muito, essa sensação infantil, idílica, nostálgica. A breja traz ainda uma vantagem adicional: É refrescante como só ela, com corpo leve e ótima drinkability, pra ser servida numa temperatura mais baixa. O longo final traz o dulçor da fruta e o cravo.
A má notícia é que a Sauber Beer produz “apenas” 800 litros por mês — e o Renato ainda faz outros estilos de cerveja com gengibre, canela, pimenta e cascas de laranja. O Bar Brejas conseguiu garantir apenas uma caixa com 24 unidades da Pumpkin Ale. Metade delas já foi vendida, mesmo sem constar na Carta de Cervejas. Acabando a batelada, só daqui a 40 dias. Afinal, Marquetti é paciente como um monge, na longa espera — mas necessária! — da correta maturação das suas brejinhas. Que assim seja!